O QUE É CAPACITISMO?

Você já ouviu falar em capacitismo?

Pode parecer uma palavra nova — e, de fato, ela só começou a circular com mais força no Brasil nos últimos anos. Mas o que ela nomeia é antigo. E está presente em quase todas as camadas da nossa sociedade.

O capacitismo é a discriminação direcionada a pessoas com deficiência. Mas ele vai além de ofensas diretas ou exclusões explícitas. Ele se manifesta, também, nas pequenas decisões cotidianas, nos modelos de corpo idealizados, nas normas sociais não ditas e nos sistemas que operam com base na suposição de que certas vidas são menos capazes ou menos valiosas.



⚠️ Por que precisamos dar nome a isso?

Antes de o termo “capacitismo” ser utilizado, era comum ouvir apenas expressões como “preconceito contra pessoas com deficiência”. Mas dar um nome específico a essa forma de opressão nos ajuda a reconhecer sua complexidade, suas raízes históricas e seus impactos sociais.

Assim como nomeamos racismo, machismo ou homofobia, nomear o capacitismo é parte do caminho para superá-lo.



📌 Capacitismo é estrutural — e estruturante.

Isso significa que ele atravessa todas as esferas sociais: da educação ao mercado de trabalho, da saúde ao lazer, da política à comunicação.

Mas ele não apenas se expressa nesses espaços: ele os conforma.

Instituições, leis, comportamentos e espaços foram pensados, historicamente, a partir de um ideal de corpo “normal” — aquele que anda, enxerga, ouve, fala, produz, compreende e se expressa de um jeito que foi socialmente eleito como padrão.

O problema é que esse “padrão” nunca deu conta da diversidade real dos corpos, das mentes, das formas de existir.



💬 “Mas eu não tenho preconceito...”

Capacitismo nem sempre é visível.

Ele pode aparecer:

  • Quando uma vaga de trabalho exige “boa aparência” sem dizer o que isso significa.

  • Quando um evento é anunciado como “para todos” mas não considera acessos físicos, sensoriais ou comunicacionais.

  • Quando se pensa que incluir é “adaptar para eles”, em vez de entender que o espaço é, desde sempre, de todos.

A acessibilidade não é um extra. É parte fundamental de qualquer projeto que se proponha coletivo.



🔍 E o que podemos fazer?

Combater o capacitismo começa por reconhecer sua presença — inclusive em nós mesmos.

Mais do que respeitar ou adaptar, é preciso:

  • Questionar o que entendemos por capacidade e normalidade.

  • Rever o desenho dos espaços, das relações, das expectativas.

  • Ouvir pessoas com deficiência em suas próprias palavras — e não falar por elas.

  • Garantir presença, participação e protagonismo.



🌱 A transformação não é apenas política. É ética.

Não se trata de “dar lugar”.
Se trata de entender que o lugar já é ocupado por muitas formas de existir. E que só há justiça quando essas formas têm condições plenas de estar, agir, decidir e criar.

O capacitismo não é apenas uma atitude.
É uma estrutura — e só pode ser enfrentado com mudança de consciência, de cultura e de prática.



🧩 Final

A acessibilidade não começa com uma rampa. Começa com a consciência de que ninguém é menos por ser diferente. E que todos os corpos são corpos possíveis. Presentes. Vivos. Cheios de potência.